O Nordestão e a estratégia das “equipes B”

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Há muito tempo torcedores, dirigentes e jornalistas clamam pela volta do Campeonato do Nordeste. Eu mesmo defendi várias vezes que um torneio regional seria mais interessante para os clubes pernambucanos do que o campeonato estadual, pois seria mais competitivo, deixá-los-ia mais preparados para encarar o nacional, teria mais público e renda.

Porém, a forma como esse Campeonato do Nordeste de 2010 foi montado merece críticas. Principalmente quanto à continuidade, pois esse ano aproveitará as datas da Copa do Mundo, mas ano que vem ninguém sabe. Claro que em 2011 haverá mais datas sem a Copa e isso permitirá a realização da competição se houver planejamento. Mas, ela será simultânea ao campeonato nacional.

Essa “concorrência” com o Brasileirão, série A, B, C ou D, é o que complica. Por isso o Sport decidiu não participar. Por isso também é que Náutico e Bahia já admitem usar times “B”. O Náutico, inclusive, usará até o treinador dos juniores, Sérgio China, deixando claro que o time que disputará a competição não será o principal.

Enquanto esse fato soa muito ruim para o campeonato e para a Liga, que já pensa em punir os clubes que usarem equipes “B”, parece um grande negócio para esses clubes. Não posso falar sobre a questão da punição, pois o presidente da Liga do Nordeste, Eduardo Rocha, disse que está previsto no contrato a utilização dos times principais. Na Lei, no Regulamento Geral das Competições da CBF, ou mesmo no bom senso, não há nada que impeça o clube de escalar jovens atletas em determinada competição para poupar os ditos titulares.

Mesmo ocorrendo durante a Copa do Mundo, o que não atrapalharia o rendimento dos clubes na Série B, o foco na subida de divisão justifica a utilização de times mistos ou até times “B”. Caso um titular se machucasse durante o Nordestão seria um grande prejuízo para o clube na disputa do nacional. Mas, a utilização dos juniores, a meu ver, é um excelente negócio para os clubes, não só para poupar titulares, muito mais para dar experiência aos garotos, que disputam poucas competições durante o ano.

Como disse o diretor de futebol do Bahia: “Vamos respeitar a grandeza da competição e aproveitá-la para utilizar nossas jóias da base”. É isso mesmo, tem que aproveitar para usar as jóias da base, dar mais horas de jogo a esses garotos, e ainda aumentar a visibilidade desses atletas. Investir na base é a chave para o sucesso e utilizá-la nessa competição é um grande negócio. Por isso entendo que o Náutico está certo em usar os atletas dos juniores e o Sport errou ao abandonar a competição, quando poderia aproveitar para colocar a base em campo, além daqueles que ficam subutilizados na equipe principal.

Respeito a posição do presidente da Liga, que quer ver os melhores times em campo e não um campeonato de juniores. Mas, concordo com a posição do Náutico, que deve mesmo aproveitar esse campeonato para valorizar os atletas da base. Só não concordo com uma punição a qualquer clube por isso, deve haver liberdade para escolher o time que entrará em campo. Para ter os melhores em campo não precisa de ameaças ou multas, precisa de uma competição atraente, e isso a gente vai ver se existe durante o campeonato.

Fernando Tasso 
Do Blog Extra-campo

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